O varejo brasileiro enfrenta um desafio que retrata uma situação cada vez mais frequente: a escassez de mão de obra qualificada. Esse "apagão" não é apenas uma questão de quantidade de profissionais, mas também de qualidade e preparo. Diversos fatores contribuem para esse cenário, desde as características da nova geração que ingressa no mercado de trabalho até a forma como o setor investe na capacitação de seus funcionários.
O Desafio da Nova Geração
Os jovens que entram no mercado de trabalho atualmente possuem expectativas e valores diferentes das gerações anteriores. Buscam mais flexibilidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, desenvolvimento contínuo e um ambiente de trabalho mais dinâmico e inclusivo. No entanto, o varejo geralmente adota um modelo de trabalho rigidamente estruturado, com jornadas longas, metas agressivas e pouca margem para adaptação a essas novas demandas.
Além disso, há uma percepção de que o setor não oferece uma carreira de longo prazo atrativa para essa nova geração, resultando em altos índices de turnover. Isso impacta diretamente a produtividade e a continuidade dos negócios.
Capacitação: Um foco equivocado?
Outro ponto crítico é a maneira como o varejo investe em treinamento. Historicamente, os cursos oferecidos pelas empresas do setor são voltados para técnicas de vendas e produtos, enquanto habilidades comportamentais e socioemocionais são deixadas em segundo plano. Com isso, os colaboradores são treinados para vender, mas não necessariamente para lidar com clientes de forma empática, trabalhar em equipe ou desenvolver habilidades de liderança.
Uma pesquisa recente sobre o Panorama de Treinamento no Brasil destaca, entretanto, um fato interessante: quando se trata de desenvolvimento de líderes, existe um foco comportamental expressivo no investimento realizado em treinamentos. Já, quando o público é operacional, os treinamentos comportamentais ficam em segundo plano.
E, quando o recorte é feito para o setor de comércio, a prioridade em vendas é ainda maior do que setores como indústria ou serviços: 36%, contra 28% e 24%, respectivamente.

Fonte: O PANORAMA DO TREINAMENTO NO BRASIL - 2024/2025
A falta de preparação emocional e comportamental pode gerar conflitos internos, dificuldade na retenção de talentos e, consequentemente, impactar a experiência do consumidor. E isso sem considerar aquela máxima, de que as pessoas são contratadas por competências técnicas e demitidas por questões comportamentais.
E os Gerentes, estão preparados?
Outro ponto importante é a capacitação dos gerentes e líderes. Com a entrada da nova geração no mercado, é essencial que os gestores saibam como motivar, engajar e desenvolver esses profissionais. No entanto, muitas empresas ainda mantêm uma gestão tradicional, baseada em comando e controle, o que pode gerar um descompasso entre liderança e equipe.
Líderes precisam estar preparados para lidar com a diversidade de perfis, entender as novas expectativas do mercado de trabalho e desenvolver habilidades de gestão mais humanizadas e colaborativas. Sem essa adaptação, a retenção de talentos será cada vez mais difícil.
Como Enfrentar o Apagão no Varejo
Para reverter essa situação, o varejo precisa adotar algumas estratégias que considero fundamentais:
Revisar a cultura organizacional – Criar um ambiente de trabalho mais atrativo para a nova geração, com maior flexibilidade e propósito.
Investir em capacitação holística – Equilibrar treinamentos técnicos e comportamentais para preparar melhor os colaboradores para os desafios do dia a dia.
Preparar os líderes – Oferecer treinamento para gestores, ensinando novas formas de liderar e engajar equipes diversas.
Criar formas de engajamento – Visando a constante evolução profissional e maior adequação ao mercado, muitas redes tem investido em comunidades como forma de engajar e conectar seus colaboradores. A própria pesquisa citada anteriormente diz que 41% das empresas aposta em troca de conhecimento entre colaboradores por meio online e 73% estimula essa troca pessoalmente.
Sem essas mudanças, o varejo brasileiro continuará sofrendo com a escassez de profissionais qualificados, o que pode comprometer sua competitividade no longo prazo. O setor precisa evoluir junto com as novas demandas do mercado de trabalho, garantindo um ambiente mais acolhedor e preparado para os desafios do futuro.
É nessa linha que a Rede Smartshop busca fortalecer o varejo, buscando novas formas para gerar conexão e senso de pertencimento para amenizar o impacto desse fenômeno.
E você, acredita que esse é um fenômeno irreversível? Comente aqui no post.
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